terça-feira, 27 de julho de 2010

Uma Grande Perda



Olá, meus amigos!Eu fico com vergonha da minha cara de pau de demorar tanto para postar um novo post. Nos dias de aula é compreensível que eu não tenha tempo, mas nas férias? Nem quero demorar muito para explicar algo que, na verdade, não tem muita explicação, mas a verdade é que nessas férias dediquei o meu tempo mais para passear, ler e escrever o meu livro (e nem escrevi muito. Mas vamos lá. Disse que ia fazer uma homenagem a Saramago.Confesso que estou sem inspiração nenhuma e não me sinto digna ou à altura de homenageá-lo sem inspiração. Mas se eu não a fizer hoje, não farei nunca mais. Então, novamente, vamos lá.
Nos dias próximos ao que José Saramago nos deixou, a última frase postada no blog dele foi a mais divulgada. É esta:


“Pensar, pensar


Junho 18, 2010 por Fundação José Saramago
Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.
Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008”

A frase é muito boa, eu concordo. A humanidade decididamente precisa de filosofia. Mas eu, Samara Hartt, não gosto de ser igual aos outros e por isso decidi que esta não será a frase da minha homenagem a esse maravilhoso escritor.
Escolhi algumas frases de seu blog.

Manipulação
Por Fundação José Saramago
Nas sociedades modernas, que a si mesmas se chamam democráticas, o grau de manipulação das consciências chegou a um ponto intolerável. Isto gera um sistema que é democrático apenas na forma.
“A manipulação das consciências chegou a um ponto intolerável”, El Correo, Bilbao, 8 de Março de 2003 [Entrevista de César Coca]
Esta entrada foi publicada em Julho 12, 2010 às 12:39 am e está arquivada em Outros Cadernos de Saramago"


Um aparelhinho para Marte…
Por Fundação José Saramago
Enquanto estamos a falar, há milhares de milhões de pessoas que morrem de fome. Como podemos aceitar que o homem não seja um ser solidário, que já não pense na espécie e se tenha convertido num monstro de egoísmo e ambição que despreza milhares de pessoas que nada têm? Não se faz nada para resolver problemas essenciais. Para milhões de pessoas no mundo, nenhum dos problemas essenciais da vida está resolvido, enquanto nos entretemos a enviar um aparelhinho para Marte…
“O homem transformou-se num monstro de egoísmo e ambição”, El Cronista, Buenos Aires, 11 de Setembro de 1998 [Entrevista de Osvaldo Quiroga]
Esta entrada foi publicada em Julho 23, 2010 às 12:01 am e está arquivada em Outros Cadernos de Saramago
.”


Por fim, algo para as pessoas que achavam que ele era sério, mudarem suas visões. Ele era divertido.

O relógio
Por José Saramago
Um dos meus amigos mais recentes acaba de me oferecer um relógio. Não uma máquina qualquer, mas um Omega. Tinha-me prometido que revolveria céu e terra para o conseguir, e cumpriu a sua palavra. Dir-se-á que a concretização da promessa não depararia com dificuldades de tomo, bastaria entrar numa relojoaria e escolher entre os diversos modelos, que certamente os haveria para todos os gostos clássicos e modernos, incluindo algum que o comprador não imaginava ter. A coisa parece fácil, mas tente o leitor encontrar numa dessas relojoarias um Omega fabricado em 1922, ano do meu nascimento, e diga-me depois o que sucedeu. “Provavelmente”, pensaria o empregado, “este senhor tem a roda de balanço partida”.
O meu relógio é dos de corda, necessita que diariamente lhe renovem o depósito de energia. Tem um aspecto sério que lhe vem, creio, do material de que está feita a caixa: prata. O mostrador é um exemplo de claridade que consola o coração contemplar. E o mecanismo está protegido por duas tampas, uma delas hermética e onde nem a mais ínfima partícula de pó conseguirá penetrar. O pior é que o relógio começou a causar-me problemas de consciência desde o primeiro dia. A primeira pergunta que me fiz foi esta: “Onde o ponho?” Condeno-o à escuridão de uma gaveta?” Nunca, não tenho o coração assim tão duro. “Então uso-o?” Já tenho relógio, de pulso, claro está, e seria ridículo andar com ambos, sem esquecer que o lugar ideal para um relógio de bolso é o colete, que agora já se não usa. Decidi, portanto, tratá-lo como se fosse um animalzinho doméstico. Passa os seus dias deitado sobre uma pequena mesa ao lado de onde trabalho e creio que é um relógio feliz. E, para consolidar a nossa relação, decidi levá-lo nas minhas viagens. Ele merece-o. Tem tendência para adiantar-se um pouco, mas esse é o único defeito que lhe encontro. Melhor isso que atrasar-se.O amigo que mo deu de presente chama-se José Miguel Correia Noras e vive em Santarém.
Esta entrada foi publicada em Abril 6, 2009 às 12:01 am e está arquivada em O Caderno de Saramago"

Queria estar inspirada para fazer uma bela homenagem a ele. Sinto-me mal por não ter inspiração agora.


Saramago foi o único escritor que conseguiu me fazer chorar de felicidade e depois de meia hora chorar de tristeza. Foi o único que me deu ataques de surpresas nos fins dos livros. Ele era verdadeiramente único. No dia 18 de junho de 2010 nós perdemos um grande escritor e um grande ser humano. A humanidade nunca mais terá alguém como ele.

Foi uma grande perda.


Um comentário:

  1. E você, minha filha, sempre me faz chorar de felicidade e de surpresa por ver a mulher maravilhosa que está se tornando!
    Eu te amo!

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