quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dentro da baleia

E quando você percebe que está tal qual Jonas - dentro da baleia - e percebe que é muito mais confortável permanecer neste ambiente acolhedor? E quando você percebe que o mundo exterior te força a sair? E quando você deseja que o mundo exterior enxergue o quão é bom dentro de sua baleia? Então você percebe que precisa transformar o mundo exterior na sua baleia. E aí você se dá conta de que para isso é preciso sair dela, mas sem deixar de guardá-la dentro de si.

Cicatriz

No último sábado eu sofri um acidente. O mundo exterior machucou-me por ser introspectiva. O corte foi pequeno, mas a dor, imensa. A dor física foi insignificante, mas causou-me uma dor na alma irreversível. Essa dor me mudou. Era uma mudança que deveria acontecer devagar, porém foi tão rápida quanto o corte. Eu não sou mais a mesma. Eu ainda me lembro muito bem de quem eu era, sei muito bem em quem eu posso me tornar, e sei mais ainda em quem eu devo me tornar. Sinto que essa mudança precisa ser registrada, preciso escrever, preciso externar-me nas letras. Mas no momento é impossível. Porque o mundo exterior me cobra. Mas este breve momento que dediquei a essas poucas palavras, já serviu para tranquilizar minha necessidade um pouco. Não sei se haverá uma cicatriz física (pra falar a verdade, nesse sentido, até gostaria), mas esta cicatriz na alma, essa não sai mais.

sábado, 5 de maio de 2012

Não consigo mais ver os vaga-lumes


o    

A: Eu e ele não estamos nadando em mar de rosas
o    B: Mas não é ideal nadar em um mar de rosas... É que até as rosas tem espinhos, imagina um mar delas.
o    A: De fato. E como podemos saber que um mar de rosas tem mais espinhos que outro?
o    B:Depende da qualidade do barco que tu navega. Se for um bote inflável... Pode ser uma canoa. Ou um navio de cruzeiro.
o    A: Na verdade acho que mergulho de cabeça.Descrição: http://static.ak.fbcdn.net/images/blank.gif
o    B: É, mas mergulhando de cabeça tu deixara de ver a beleza do mar. Opa. Pensei em algo. Mas é uma beleza superficial. É, constrói um submarino.
o    A: mergulhando de cabeça eu posso ver as rosas mais lindas mas também posso me machucar nos piores espinhos. Você também mergulha de cabeça?
o    B: E pode morrer sufocada também, deve haver um limite saudável de profundidade, onde a pressão não nos deixe loucos. Estou pensando nisso, acho que sim, que vou de cabeça.
o    A: Eu já sou louca.
o    B: Mas acho que é outro tipo de loucura essa. É uma loucura inflamada por outra pessoa. Isso acho que não é saudável.
o    A: É lógico que não é.
o    B: Bom, eu só penso em navegar por mares agitados em busca da terra prometida. Legal né? Enfrentar monstros marinhos, tormentas, calmarias, até, enfim...
o    A: Eu não estou a fim de nenhum monstro e nem tormentas. Quero navegar em águas calmas e tranquilas.
o    B: Então volte um pouco pra superfície e respire, pense sobre a profundidade dos seus sentimentos. Se estiver tudo em ordem, mergulha outra vez.
 A: É que eu acho que mergulhei no oceano atlântico pensando que era o pacífico. E metade de mim quer voltar pra praia e outra metade quer ficar lá.
o    B: Eu acho o pacífico mais interessante, ver o pôr do sol dos Andes... Mas bem, tens que pensar se 50% é suficiente pra não voltar. Ou se isso não é só uma âncora te puxando para o fundo.
o    A: Me parece que a parte que quer voltar é racional e a parte que quer ficar é emocional, mas não posso afirmar com toda certeza, pois a emoção está influenciando muito na minha razão nesses últimos dias. E a parte racional não vê nenhum vaga-lume, mas a emocional está procurando desesperadamente por eles.