quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ensaio sobre uma guerra pública: Análise do filme "Notícias de uma guerra particular" II

Em maio de 2010, eu vi o filme "Notícias de uma Guerra Particular" na aula de Sociologia e tive que fazer uma análise. Aqui está ela: http://yveehartt.blogspot.com.br/2010/05/ensaio-sobre-uma-guerra-publica-analise.html#comments

Agora, em fevereiro de 2013, vi esse filme novamente e tive que fazer outra análise para ele, para a disciplina de Cinema Documentário. É interessante eu me "auto-observar" como a análise de um mesmo filme mudou em 3 anos. Mesmo assim minha essência não muda, E nunca vai mudar. Aqui vai ela:


O filme busca depoimentos de todos os lados: de policiais; de chefe de polícia; de traficantes presos e soltos, menores ou maiores; do comandante do Comando Vermelho e de moradores do morro.
É interessante observar que tanto o discurso dos traficantes quanto o do chefe de polícia está em torno da pobreza, e principalmente do salário mínimo, que na época era R$120,00. O chefe de polícia fala que “é negócio”, trocar um emprego legal que lhes dá R$120 por mês, pelo tráfico que lhes dá R$300 por semana.
O chefe de polícia também fala que a sociedade quer que a polícia seja corrupta. Quer que haja repressão, para que os traficantes não saiam do morro, que se mantenham lá, que mantenham a violência lá, e que a guerra continue particular.
Ora, porque deveria ser particular, se o governo governa a todos? O problema de uns, que é problema do governo, não deveria ser problema de todos os outros, que escolhem por quem querem ser governados? Todos nós votamos porque todos nós deveríamos nos preocupar com o que o governo faz com o povo ou pelo povo.
Quando o filme foi feito, porém, era diferente de hoje. Hoje todas as comunidades se ainda não passaram, estão para passar pela repressão máxima que é a chamada “pacificação”, que às vezes é de fato pacífica (ou pelo menos é o que às vezes a mídia divulga) e às vezes não. Porém, ainda assim o tráfico não acabou.
            Outra diferença é que na época do filme o salário mínimo era de R$120. Hoje, é de R$678. O lucro dos traficantes era de R$300 por semana, ou seja, R$1200 por mês. O lucro pode ter aumentado ou diminuído, mas ainda assim parece que “é negócio”.
            O discurso do Comando Vermelho é de justiça. É de que todos os moradores do morro, ou que pelo menos todos os traficantes sejam iguais, tenham a mesma coisa. Ao mesmo tempo, os pequenos traficantes de 13 e 14 anos usam o dinheiro pra comprar tênis e roupas caras. Claro, eles são muito novos para terem consciência social (apesar de que garotos da classe média ou com mais dinheiro da mesma idade que eles terem menos consciência ainda), mas a mesma coisa acontecia com os mais velhos.
            Eu poderia ficar aqui falando que o problema está na educação, que não adianta aumentar o salário mínimo e tentar matar todos os traficantes enquanto que a educação não proporcione o verdadeiro senso de comunidade não só na favela, mas em todo o país. Mas eu estaria fugindo do que o documentário fala “concretamente”, porque ele apenas expõe o problema, as diversas visões dele, e espera que respondamos. Eu interpreto uma sugestão que o filme faz em seu título. Essa guerra não deve ser encarada como particular. Essa guerra é problema de todo o país. Essa é uma guerra pública. 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Durante a noite

Ele disse: Não estou com sono.

Mas quis dizer: Por favor, fique comigo.