terça-feira, 30 de março de 2010

Complexidades da minha cabeça ou Intríseco


O Texto a seguir é um desabafo, uma necessidade, uma filosofia. Eu acho que você pode enlouquecer se ler isso, ou talvez não. Eu não sei. Eu realmente não sei. Acontece que neste momento eu não sei mais o que eu sei e o que eu não sei. Eu não sei mais nada. Sou uma filósofa? Talvez. Engraçado que no dia 19 (11 dias atrás) eu estava escrevendo um texto para colocar aqui no blog e... Espere. Eu me esqueci de te avisar: Talvez seja melhor você não ler este texto. Você vai me achar maluca. Ou pior: ficar maluco/a. Isso eu já disse. Mas estou falando sério. Eu estou complexada com a complexidade que me apareceu aqui na minha cabeça então pode ser melhor que você não leia. Eu preciso escrever. Os escritores precisam escrever e é o que eu sinto. Eu preciso descarregar um pouco disso aqui no blog senão, não conseguirei pensar na Biologia que eu deveria estar estudando agora. A pergunta é: Quem sou eu?


Não, não é essa pergunta, a pergunta verdadeira é: eu quero ser o que sou?

Então, como eu estava dizendo, no dia 19 eu estava escrevendo um texto para por no blog (não cheguei a terminar, não sei porque) que dizia que há menos de um ano eu postei um post que dizia que eu não sabia quem era e hoje eu já sabia. Talvez eu poste esse texto um outro dia, ou talvez não. O grande problema é que agora mesmo me deu um enorme problema na minha existência. Quer dizer, eu não quero deixar de existir, não quero morrer. A palavra não é bem existência, mas agora eu não sei qual é. Meu Deus, estou confusa.

A verdade é que eu acho que sei quem eu sou e até alguns minutos eu estava muito feliz com quem eu era, mas me questiono se eu realmente quero ser o que sou. Vou te explicar o que aconteceu para eu mudar de ideia (embora ainda ache que você não deveria ler isso):
Eu sempre pensei que viajaria no tempo se me apresentassem uma máquina do tempo. Acho que todo mundo viajaria. Mas o grande problema é que, segundo Einstein, uma pessoa pode viajar no tempo para o futuro, mas nunca poderá voltar ao passado. Faz tempo que eu sei disso, mas mesmo assim não me importaria, porque tenho muita vontade de conhecer o futuro. Eu sempre pensei que qualquer outra pessoa também faria o mesmo, mas acabei de perguntar ao meu irmão e ele disse que não, pois não sabe o que poderia encontrar lá e perderia toda a vida que ele tem agora. Eu fiquei pensando em como somos diferentes, fiquei pensando em quem sou eu na verdade. Quer dizer, eu nem pensei que deixaria todos os meus amigos e família para trás, eu só pensei que seria uma oportunidade única para conhecer o futuro...

Fiquei pensando se não é uma atitude fria a minha, às vezes eu troco a companhia das minhas amigas por estudo e sei lá, sempre pensei que fosse responsabilidade, mas agora comecei a me questionar se não é um pouco de frieza, deixar as pessoas que eu amo sem a minha companhia simplesmente porque tenho sede de conhecimento. Não é para ir bem na prova de amanhã. Eu realmente gosto de saber. Eu me sinto bem quando sei alguma coisa. Ego? Eu acho que é. Mas para terminar com esse meu ego eu deveria parar de estudar, parar de ler, parar de saber. Eu não posso fazer isso. O que seria da minha vida se eu não acrescentasse conhecimento, pelo menos toda semana, na minha cabeça? Qual seria o sentido da minha vida?

O que me preocupa é se eu não dou mais importância ao conhecimento do que ao amor... O amor deve ser a coisa mais importante no mundo. Essa é a lei de Deus e é o meu lema. Mas é que eu não amo somente os meus amigos e a minha família, eu amo toda a humanidade e eu quero fazer alguma coisa por ela. E não consigo achar outra maneira de ajudá-la se não pelo conhecimento. Eu preciso conhecer tudo para ajudar algo tão grande. Agora acabei de virar tudo de ponta cabeça. Antes disse que o meu defeito era ter pouco amor e sede de conhecimento, agora digo que o meu amor é grande demais. Mudei tudo em algumas frases. O que eu estou fazendo?

Eu não sei, eu só sei que agora que já escrevi tudo isso a minha complexidade se amenizou. Por isso que eu precisava escrever. Agora me deu vontade de escrever o texto que eu estava escrevendo no dia 19. Quer saber? Vou colocá-lo. Vou juntá-lo com este texto que agora acho que não é tão complexo assim, acho até que você pode lê-lo sem enlouquecer. Na verdade a parte mais complexa já passou. Eu acho.

O texto do dia 19 que agora se transformou no texto do dia 30, começava comigo dizendo que estou num momento Clarice Lispector. É, portanto um momento propício para a complexidade. Dizia então que até o dia 05/03 eu não havia lido nenhum livro dela.
Somente havia lido um trecho de “A Hora da Estrela” que tinha na minha apostila de Literatura do ano passado. Dizia agora que só de ler o trecho fiquei com vontade de ler o livro todo. Mas somente no dia cinco eu o aluguei e comecei a ler no dia cinco à noite. Passei o dia seis inteiro lendo e o terminei (é bem pequeno). Devolvi o livro no dia 19 para a biblioteca e aluguei mais dois livros dela: “Perto do Coração Selvagem” (seu primeiro livro, escreveu com 17 anos) e “A Maçã no Escuro”.

Dizia então que eu havia anotado diversas passagens de “A Hora da Estrela” que vou passar pra vocês. Hoje, porém, vou colocar uma passagem do livro que comecei a ler no dia 19 e que pretendo terminar amanhã:

“É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas o que eu digo.”
Perto do Coração Selvagem
Clarice Lispector

Essa passagem explica bem o que acabou de acontecer agora. Eu estava agora pouco dizendo que me achava culpada por às vezes trocar a companhia das pessoas que eu amo pelo conhecimento. Em poucas linhas eu acabei falando que eu tinha amor até demais. Ou seja, eu disse e o que eu senti se transformou no que eu disse, mesmo que outrora eu não sentia o que eu havia dito. Você me compreende? Mas agora falarei o que eu estava pensando em falar no dia 19.

Pois bem, alguns meses atrás eu não tinha menor ideia de quem eu era e eu era uma pessoa assim (digo, desse tal jeito que eu era),e agora eu sei, ou pelo menos acho que sei, ou sei superficialmente, ou imagino o que eu seja, sei lá, mas hoje eu sei mais quem eu sou do que quando escrevi aquele post no ano passado que dizia que eu não sabia quem eu era. E hoje eu sou uma pessoa “assado” (quer dizer, de um jeito diferente do de antes). Por que?

Bem, eu não sei quando que escrevei aquele post, nem sei o nome dele, mas eu lembro de ter escrito. O que quero dizer é que quando escrevi eu provavelmente não havia começado a escrever o livro que estou escrevendo, ou pelo menos estava muito no começo.

Não vou contar a história dele aqui porque eu quero que você compre para ler quando eu publicar. O que eu digo é que o narrador é em primeira pessoa e é uma mulher. Ela conta a história dela quando tinha 17 anos. É uma idade próxima da minha (tenho 18) e quando comecei a escrever eu tinha 17, mas não por querer ser ela ou por ela ser eu, eu a coloquei com 17 anos porque ela deveria ser menor de idade, mas deveria alcançar a maioridade em pouco tempo. Por isso 17.

Bom, como eu estava dizendo, ela narra em primeira pessoa. Mas para o livro ficar bem real, como a minha professora de Literatura Ilda me disse uma dia, mostrar a alma da personagem, eu entrava nela. Ou melhor, ela entrava em mim. Ela tomava conta do meu corpo e no instante que eu escrevia (e escrevo) não sou eu que estou escrevendo (há talvez uns 10% somente que sou eu), é ela. E então ela e eu escrevíamos a vida dela. Nós estávamos dizendo quem era ela. E o que Clarice disse? Que quando a personagem dela dizia quem era seu sentimento se transformava no que ela estava dizendo. Acho que é o que aconteceu comigo. De tanto eu permitir que essa personagem fictícia entrasse no meu corpo e escrevesse sua vida, eu acabei ficando mais parecida com ela e ela comigo. Os meus sentimentos ficaram mais parecido com os dela e eu passei a saber mais quem eu era (ou melhor, quem eu sou), porque eu sou uma parte dela e ela é uma parte de mim. Somos intrínsecas.

Eu sempre achei flores bonitas, mas nunca dei tanta importância a elas. Ela da muita importância, pois as flores para ela são um símbolo de felicidade que outrora ela viveu. Ela se sente confortada ao lado das flores. Hoje eu também sinto uma certa familiaridade quando estou perto das flores.

Agora pensei que às vezes fico triste por ficar muito tempo sem escrever. Pensei que talvez não seja eu que fique triste, ela fica triste. A minha personagem que mora em algum lugar dentro de mim. Mas eu também fico triste, talvez eu fique com saudade dela. Pode ser.

Você consegue compreender o que eu estou dizendo? Às vezes eu não sei se estou sendo clara. A minha mente é tão complexa que não sei se outras pessoas a entendem. Apesar de talvez achar que todas as mentes, se fuçarmos, vão ser complexas.

Isso me leva a outra reflexão que comecei há poucos dias lendo “Perto do Coração Selvagem”. Mas não vou nem começar senão não acabo esse texto nunca.

Agora há um problema (não, há muitos problemas, mas hoje só falarei mais um) que título colocarei neste texto? Eu juntei o que era pra ser dois textos. O primeiro eu colocaria “Complexidades da minha cabeça” e o segundo “Intrínseco”. Qual dos dois eu ponho? Crio um terceiro? Ah, eu não tenho mais tempo, tenho que estudar Biologia. Vai os dois mesmo.

Um comentário:

  1. Já havia começado a ler Clarice, sugestão de uma amiga minha, mas ainda não acabei. ( confesso que tava lendo em uma livraria, na cara- de- pau! rs, rs)

    Enfim, belo texto. Você extravasou bem o que estava sentindo, foi bem esclarecedor você usar aquela citação da Lispector para realçar o que estava vivendo.

    Abs.

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