sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O sonho dentro do sonho

Olá, amiguinhos! Colocarei aqui em baixo um texto que adorei, que achei no blog de um autor.

“Marisia sempre teve o dom de sonhar bem. Seus sonhos têm começo, meio e fim, as cores claras e belas, têm nomes e lugares exatos, têm rumo e destino, dosam tristeza e alegria nos seus tamanhos certos e têm sempre a generosidade desabrida de estar vivos na hora em que Marisia acorda.E talvez seja isso o que mais a fere: acordar destes sonhos multicores e tê-los próximos e doloridos durante todas as solitárias horas de seus dias em preto-e-branco.Então que, numa noite qualquer em que já se preparava para dormir, o copo de água acomodado no criado-mudo, Marisia teve a idéia de salvar seus dias: tentaria, no sonho, encontrar o par perfeito.O par perfeito chamava-se Osvaldo e encantou ainda mais o sonho de Marisia. Esta, quando acordou, descobriu que era feliz: sabendo escolher os motivos de seus sonhos, seus dias monótonos serviam apenas como intervalos às noites coloridas.Atravessou a claridade do dia aos sobressaltos, lembrando de Osvaldo a cada minuto e torcendo para que a noite e os sonhos chegassem logo. À hora de dormir, sorrindo em sua camisola nova, lembrou-se de ordenar a si mesma que sonhasse novamente com o par perfeito.Osvaldo esperava por ela à beira do sonho, abraço estendido. Percorreram a noite como se houvessem nascido amantes e despediram-se às novas luzes da manhã, apenas quando Marisia já não conseguia mais sustentar o sono. À hora exata em que acordou, ela ainda sentia em sua boca o peso quente dos lábios de Osvaldo.Assim todos os últimos dias, as noites cada vez menos bastas à felicidade do par perfeito, sete horas de sono que pareciam duas, o despertador insensível interrompendo juras de amor, Marisia recomeçando todos os dias o sofrimento da longa espera.Foi quando ela achou que era a hora de ficar para sempre com o amor de sua vida e decidiu sonhar que não acordava mais.Desde então, ambos vivem no sonho de Marisia um idílio sem faltas. Até quando ela seguirá neste sono inacabável, ninguém sabe – mas, enquanto isso, os dois são felizes.”
Henrique Schneider

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