“Sócrates - Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?
Glauco – É bem
possível.
Sócrates – E se
a parede do fundo da prisão provocasse eco, sempre que um dos transportadores
falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?
Glauco – Sim,
por Zeus!
Sócrates – Dessa
forma, tais homens não atribuirão
realidade senão às sombras dos objetos fabricados.
Glauco – Assim
terá de ser.
Sócrates – Considera
agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias
e curados da sua ignorância. Que se
liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se
imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao
fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de
distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se
alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para
objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma
das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não
achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais
verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?
(...)
Sócrates – Terá,
creio eu, necessidade de se habituar a ver
os objetos da região superior. Começará
por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e
dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos.
Depois disso, poderá enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar
mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que,
durante o dia, o Sol e a sua luz.
Glauco – Sem
dúvida.
Sócrates – Por
fim, suponho eu, será o Sol, e não as
suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar,
que poderá ver e contemplar tal como é.
Glauco –
Necessariamente.”
(Coleção Os
Pensadores, A República – Platão, Livro VII, Páginas 226 e 227)
Na
Alegoria da Caverna, Platão mostra a passagem da Imagem para a Realidade.
Tomando a Imagem como algo irreal. A Imagem está primeiramente exemplificada
pela sombra dos objetos. Logo, ela também é exemplificada pelo reflexo dos
objetos na água. Sombras e reflexos são representações; são imagens. E quem
toma essas imagens como verdadeiras, é prisioneiro, está preso na ignorância.
Para
falar da verdade, Platão usa imagens. O diálogo do Livro VII começa
com “SÓCRATES – Agora imagina a
maneira...” (pg 225) e depois da ALEGORIA da Caverna, temos Sócrates falando:
“Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar
ao mundo que nos cerca...” (pg 228). Pelo que vejo, a Imagem, para Platão, não
faz parte do mundo real, e é menos importante do que ele. Mas é através dela
que se pode falar do que nos cerca.
Você deve estar se perguntando porque (diacho) eu estudei Platão em Teoria do Cinema. Não é difícil pensar.
A Imagem. Ela é Representação da Realidade. É o que o Cinema é: Imagem, Representação.
Platão às vezes a coloca como enganação, mas o Cinema a a ficção não são de certa forma mentiras? E a gente não usa essas mentiras pra falar do mundo que nos cerca?
( http://www.yveehartt.blogspot.com.br/2009/02/um-escritor-conta-mentiras.html )
Você deve estar se perguntando porque (diacho) eu estudei Platão em Teoria do Cinema. Não é difícil pensar.
A Imagem. Ela é Representação da Realidade. É o que o Cinema é: Imagem, Representação.
Platão às vezes a coloca como enganação, mas o Cinema a a ficção não são de certa forma mentiras? E a gente não usa essas mentiras pra falar do mundo que nos cerca?
( http://www.yveehartt.blogspot.com.br/2009/02/um-escritor-conta-mentiras.html )
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