quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ensaio sobre uma guerra pública: Análise do filme "Notícias de uma guerra particular"

Olá!
No último post eu disse que escreveria até terça dia 04/05 uma análise do filme supra-citado. Bom, eu escrevi, mas não postei. Acontece que fiquei com muuuuita preguiça... não consegui controlá-la e ela tomou conta do meu corpo... Mas aqui estou.

Para quem não leu o último post, colocarei novamente informações sobre o filme caso você queira assistir:

Título Original: Notícias de uma Guerra Particular
Gênero:
Documentário
Direção: João Moreira Salles, Kátia Lund
Roteiro: João Moreira Salles, Kátia Lund, Walter Salles
Duração: 56 minutos
Sinopse: Eleito um dos melhores filmes brasileiros contemporâneos pela Revista de Cinema e vencedor da competição nacional de documentários do festival É Tudo Verdade, Notícias de uma guerra particular é um amplo e contundente retrato da violência no Rio de Janeiro. Flagrantes do cotidiano das favelas dominadas pelo tráfico de drogas alternam-se a entrevistas com todos os envolvidos no conflito entre traficantes e policiais - incluindo moradores que vivem no meio do fogo cruzado e especialistas em segurança pública. A realidade da violência é apresentada sem meio-tons e da forma mais abrangente possível, tornando patente o absurdo de uma guerra sem fim e sem vencedores possíveis.


E agora, finalmente, lá vai a minha análise:

“Para começar, eu discordo do título do filme. Essa guerra não deveria ser encarada como particular e sim de toda a sociedade. Faço minhas as palavras daquele prisioneiro: Que sociedadde é essa que as pessoas trabalham duro por todo o mês e no fim dele ganham R$100,00? Quem consegue sobreviver com R$100,00 por mês? Concordo em partes com o que aquele coordenador de Segurança (ou outro cargo do gênero, não me lembro exatamente) disse: É óbvio que os rapazes que ganham R$100,00 por mês e veem que no tráfico podem ganhar R$300,00 por semana vão querer trocar o trabalho “honesto” pela criminalidade, mas é culpa deles?

Não. Decididamente não. É culpa da sociedade. Os pobres – que ganham R$100,00 por mês (ou no máximo R$510,00, que é o salário mínimo e ainda é muito pouco) – não vão ter dinheiro nem para alimentar os filhos, quanto mais para pagar uma escola. Os filhos, então, vão para a escola pública onde não aprendem o suficiente para arranjar um bom emprego e vão para o tráfico. Logo, todos veem que não é pelo estudo que se ganha dinheiro e sim pela criminalidade e seguem o mesmo caminho.

Aí começa a guerra armada. Policiais de um lado, traficantes do outro e o verdadeiro valor da vida é totalmente esquecido. Que sociedade é essa? Eu digo que sociedade é essa. É a sociedade de um dos países mais ricos do mundo e mais pobre na distribuição de suas riquezas. É a sociedade de um país de o homem que coordena a segurança de uma importante cidade como o Rio de Janeiro diz que essa mesma sociedade quer que a polícia seja corrupta.

É claro, a polícia tem que assassinar os “favelados vagabundos” para “controlá-los”. Para impedir que eles invadam a cidade. Para impedir, sei lá, que façam uma revolução? É! Para impedir que lutem por seus direitos!

É essa a sociedade. A sociedade cujas pessoas que têm poder para mudar essa situação – políticos e pessoas ricas – não querem mudar a situação, porque, obviamente, querem continuar ricas. É a sociedade, por fim, cujas pessoas que podem votar nos políticos bons preferem não se intrometer e falar que essa guerra é particular.”

Um comentário:

  1. Bom texto.

    Não vi esse filme ainda, mas assisti ao "ônibus 174", documentário do Padilha, que tem a mesma temática. Se puder veja tbm.

    Abs.

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