sábado, 16 de janeiro de 2010

Palavras


“Seus cretinos, pensou.
Seus cretinos encantadores.
Não me façam feliz. Por favor, não me saciem nem me deixem pensar que alguma coisa boa pode sair disso. Olhem para os meus machucados. Olhem para este arranhão. Estão vendo o arranhão dentro de mim? Estão vendo ele crescer bem diante dos meus olhos, me corroendo? Não quero ter esperança de mais nada. Não quero rezar para que Max esteja vivo e em segurança. Nem Alex Steiner.
Porque o mundo não os merece.

Arrancou uma página do livro e a rasgou ao meio.
Depois, um capítulo.
Em pouco tempo, não restava nada senão tiras de palavras, derramadas feito lixo entre suas pernas e em toda a sua volta. As palavras. Por que tinham que existir? Sem elas, não haveria nada disso. Sem as palavras, o Führer não era nada. Não haveria prisioneiros claudicantes, nem necessidade de consolo ou de truques mundanos para fazer com que nos sentíssemos melhor.
De que adiantavam as palavras?
Dessa vez ela o disse em voz alta, para a sala iluminada de laranja.
– De que servem as palavras?”

A menina que roubava livros
Markus Zusak
Eu lhe respondo, Liesel Meminguer. As palavras não valem nada se você não acredita nelas. Mas se você acredita, elas podem mudar tudo. Podem escrever uma triste história como as palavras de Hitler, mas também podem nos dar esperança como as palavras de Deus.

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